Seja a mulher que seu ex vai sentir falta.
Já
faz algum tempo, recebi uma mensagem de um ex-namorado, que dizia: “vou
passar o resto da vida me perguntando por que não deu certo”. Eu tinha
todas as respostas, mas achei que nem era mais hora de falar.
Depois de oito anos de namoro, ele ficou em dúvida. Sofri com a dúvida
dele. Mas a dúvida dele acendeu um ponto de interrogação dentro de mim.
Terminei o namoro e não olhei pra trás. Nunca olho.
Sofro como um cachorro por um amor que quero que dê certo, mas quando
desisto, deixo de lado como meia lata de cerveja quente. Você sabe que
era bom, mas jamais será novamente.
Nem vem ao caso se sou ou
não uma namorada inesquecível, mas fiquei pensando o que faz uma mulher
se tornar assim tão singular para um homem. E nem estou falando de
homens atormentados, daqueles que gostam de sofrer nas mãos de mulheres
malvadas, aquelas que gostam somente delas e nada além delas mesmas.
Homens se deixam seduzir por criaturas assim. Bem, quem não deixa?
Mas, então, me lembrei de um amigo que, depois de anos de libertinagem
barata, começou a namorar. Sumiu, desapareceu, escafedeu-se, um dos
maiores baladeiros e pegadores que já conheci na noite paulistana. “Ela
não é a mulher que mais amei, mas é a que me faz mais feliz. Vou casar”,
me disse.
Ela me ama; ri das merdas que eu falo; não é linda,
mas se cuida; tem um cheiro gostoso; cuida da vida dela; é independente,
mas me pede ajuda pra usar um pendrive; está sempre ocupada, mas nunca
deixa de atender quando eu ligo; é parceira, descolada, maluquete;
aguenta meus ataques de mau humor; quer sexo sempre; é ciumenta, mas até
acho graça, eu era um galinha. “Sabe como é, mulher tá fácil hoje, mas
dessas que fazem a gente feliz mais do que uma semana… encontrei
poucas.”
Sempre penso no que faz uma história dar certo ou não.
E, no fundo, acho uma bobagem quando dizem que melhor do que ser amado,
é amar. Não tem nada melhor na vida do que sentir, ver, ouvir, ler, que
alguém perde seu precioso tempo pensando, querendo, gastando, amando
você.
Mas é verdade que amar alguém é uma arte. Quem ama abre
mão de si mesmo muitas vezes. Esquece convicções. Pede desculpas mesmo
quando acha que está certo. Sofre de saudade. Morre de ciúme. Parcela
passagem em 12 vezes. Sorri quando o telefone toca. Tem dor de barriga
quando ele lê sua mensagem no whatsapp – e não responde. A gente fica
praticamente ridícula.
Mas o outro, que também ama (e essa é a
melhor parte), acha a gente, que no fundo é ridícula, o último biscoito
do pacote, a última cerveja gelada do deserto, os últimos 5% de bateria
no celular.
Amor é isso.
O importante é que a gente
nunca seja mais ou menos. Que a gente faça tudo mesmo por amor. Que seja
especial. Que seja inesquecível. Seja o tipo de mulher, que os nossos
ex-namorados vão sempre lembrar e pensar: que pena que não deu certo.
Mariliz Pereira Jorge.
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